National Treasure (2004)

Written by Filipe Manuel Neto on July 7, 2018

Entretém bem, mas é perigoso por se basear em inverdades históricas gritantes.

Este filme parece a versão alternativa geek de qualquer filme de Indiana Jones, com uma emocionante aventura misturada a uma história absurda, baseada numa falsa premissa histórica.

O enredo baseia-se, essencialmente, no lendário tesouro dos Cavaleiros Templários, e na forma como foi levado e escondido nos Estados Unidos, pela mão dos Maçons que fundaram o país. É verdade que os Fundadores dos EUA eram, na sua maioria, membros da Maçonaria, e também é verdade que os Templários possuíam grandes riquezas, em virtude da sua actividade económica e dos senhorios feudais que a Ordem possuía. Mas não há qualquer ligação credível entre os Templários, extintos na Idade Média pelo Papa a pedido do rei Filipe IV de França, e qualquer organização maçónica. Acreditar que os Templários deixaram segredos importantes para os Maçons é algo insano, só aceitável por maníacos da conspiração. Acreditar que os Templários chegaram ao território dos Estados Unidos é igual a acreditar que a Terra é plana.

Quanto às riquezas e bens que os templários possuíam, estes assentavam essencialmente numa base fundiária sólida e num estatuto de privilégio conseguido pela Ordem ao longo de séculos. A extinção e confisco dessas terras e castelos, naturalmente, acabou com quase tudo e, se algo havia a salvar, a opção mais natural seriam os reinos europeus onde havia maior tolerância para com os templários sobreviventes. Portugal era um desses reinos, com o rei D. Dinis de Portugal a requerer, quase de imediato, uma autorização papal para fundar uma nova ordem religiosa com os bens e cavaleiros do extinto ramo português dos Templários: a Ordem de Cristo, que veio a ter um papel determinante nos Descobrimentos Portugueses e a sobreviver até 1834, sempre sob a protecção da Coroa Portuguesa. Bem, vamos falar sobre o filme agora...

O filme é bom, entretém bem o público, especialmente se não estivermos muito atentos às dezenas de erros históricos cometidos pelo enredo, bastante irrealista. Os efeitos especiais são muito bons e o filme é visualmente agradável. As personagens, no entanto, não têm personalidade e os actores nunca foram capazes de lhes dar isso. Nicholas Cage é pouco convincente no papel dele, nunca parecendo verdadeiramente um académico ou um aventureiro. Ele anda perdido, aos saltos de um lado para o outro. O sub-enredo romântico entre ele e Diane Kruger é altamente previsível, embora pareça bem neste tipo de filme.

Em suma, é um bom filme para entreter e passar tempo, mas há o perigo de algumas pessoas pensarem que têm uma verdadeira base histórica por trás.